LEI Nº 13.301, DE 27 DE JUNHO DE 2016.
Publicada
no DOU de 28/06/2016
Dispõe sobre a adoção de medidas de
vigilância em saúde quando verificada situação de iminente perigo à saúde
pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus
chikungunya e do vírus da zika; e altera a Lei nº 6.437,
de 20 de agosto de 1977.
O
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Na situação de iminente perigo à
saúde pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do
vírus chikungunya e do vírus da zika, a autoridade máxima do Sistema Único
de Saúde - SUS de âmbito federal, estadual, distrital e municipal fica autorizada
a determinar e executar as medidas necessárias ao controle das doenças causadas
pelos referidos vírus, nos termos da Lei nº 8.080,
de 19 de setembro de 1990, e demais normas aplicáveis, enquanto perdurar
a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional - ESPIN.
§ 1º Entre as medidas que podem ser determinadas e executadas para a contenção
das doenças causadas pelos vírus de que trata o caput,
destacam-se:
I - instituição, em âmbito nacional, do dia de sábado como destinado a atividades
de limpeza nos imóveis, com identificação e eliminação de focos de mosquitos
vetores, com ampla mobilização da comunidade;
II - realização de campanhas educativas e de orientação à população, em
especial às mulheres em idade fértil e gestantes, divulgadas em todos os
meios de comunicação, incluindo programas radiofônicos estatais;
III - realização de visitas ampla e antecipadamente comunicadas a todos
os imóveis públicos e particulares, ainda que com posse precária, para eliminação
do mosquito e de seus criadouros, em área identificada como potencial possuidora
de focos de transmissão;
IV - ingresso forçado em imóveis públicos
e particulares, no caso de situação de abandono, ausência ou recusa de pessoa
que possa permitir o acesso de agente público, regularmente designado e identificado,
quando se mostre essencial para a contenção das doenças.
§ 2º Para fins do disposto no inciso IV do §
1º, entende-se por:
I - imóvel em situação de abandono: aquele que demonstre flagrante ausência
prolongada de utilização verificada por suas características físicas, por
sinais de inexistência de conservação, pelo relato de moradores da área ou
por outros indícios que evidenciem a sua não utilização;
II - ausência: a impossibilidade de localização de pessoa que possa permitir
o acesso ao imóvel na hipótese de duas visitas devidamente comunicadas, em
dias e períodos alternados, dentro do intervalo de dez dias;
III - recusa: negativa ou impedimento de acesso do agente público ao imóvel.
§ 3º São ainda medidas fundamentais para a contenção das doenças causadas
pelos vírus de que trata o caput:
I - obediência aos critérios de diagnóstico estabelecidos pelas normas técnicas
vigentes, aperfeiçoamento dos sistemas de informação, notificação, investigação
e divulgação de dados e indicadores;
II - universalização do acesso à água potável e ao esgotamento sanitário;
III - incentivo ao desenvolvimento de pesquisas científicas e à incorporação
de novas tecnologias de vigilância em saúde;
IV - permissão da incorporação de mecanismos de controle vetorial por meio
de dispersão por aeronaves mediante aprovação das autoridades sanitárias
e da comprovação científica da eficácia da medida.
Art. 2º O ingresso forçado será realizado buscando a preservação da integridade
do imóvel e das condições de segurança em que foi encontrado.
Art. 3º Nos casos de ingresso forçado em imóveis públicos e particulares,
o agente público competente emitirá relatório circunstanciado no local.
§ 1º Sempre que se mostrar necessário, o agente público competente poderá
requerer auxílio à autoridade policial ou à Guarda Municipal.
§ 2º Constarão do relatório circunstanciado:
I - as condições em que foi encontrado o imóvel;
II - as medidas sanitárias adotadas para o controle do vetor e da eliminação
de criadouros do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya
e do vírus da zika;
III - as recomendações a serem observadas pelo responsável; e
IV - as medidas adotadas para restabelecer a segurança do imóvel.
Art. 4º A medida prevista no inciso IV do § 1º
do art. 1º aplica-se sempre que se verificar a existência de outras doenças
com potencial de proliferação ou de disseminação ou agravos que representem
grave risco ou ameaça à saúde pública, condicionada à declaração de Emergência
em Saúde Pública de Importância Nacional - ESPIN.
Art. 5º O art. 10 da Lei nº 6.437,
de 20 de agosto de 1977, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XLII:
"Art.10 ...............................................................................................................
.........................................................................................................
XLII - reincidir na manutenção de focos de vetores no imóvel por descumprimento
de recomendação das autoridades sanitárias:
Pena - multa de 10% (dez por cento) dos valores previstos no inciso I do
§ 1º do art. 2º, aplicada em dobro em caso de nova reincidência." (NR)
Art. 6º (VETADO).
Art. 7º Fica instituído o Programa Nacional
de Apoio ao Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes - PRONAEDES, tendo
como objetivo o financiamento de projetos de combate à proliferação do mosquito
transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika.
Art. 8º (VETADO).
Art. 9º (VETADO).
Art. 10. Em até trinta dias da publicação desta Lei, o Ministério da Saúde
regulamentará os critérios e procedimentos para aprovação de projetos do
Pronaedes, obedecidos os seguintes critérios:
I - priorização das áreas de maior incidência das doenças causadas pelo
vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika;
II - redução das desigualdades regionais;
III - priorização dos Municípios com menor montante de recursos próprios
disponíveis para vigilância em saúde;
IV - priorização da prevenção à doença.
Art. 11. (VETADO).
Art. 12. (VETADO).
Art. 13. (VETADO).
Art. 14. (VETADO).
Art. 15. Nenhuma aplicação dos recursos poderá ser efetuada mediante intermediação.
Art. 16. Constitui infração ao disposto nesta Lei o recebimento pelo patrocinador
de vantagem financeira ou bem, em razão do patrocínio.
Art. 17. As infrações ao disposto nos arts. 7º a 16
desta Lei, sem prejuízo das sanções penais cabíveis, sujeitarão o doador
ou patrocinador ao pagamento do valor atualizado do imposto sobre a renda
devido em relação a cada exercício financeiro e das penalidades e demais
acréscimos previstos na legislação vigente.
Art. 18. Fará jus ao benefício de prestação continuada
temporário, a que se refere o art. 20 da Lei nº 8.742,
de 7 de dezembro de 1993, pelo prazo máximo de três anos, na condição de
pessoa com deficiência, a criança vítima de microcefalia em decorrência de
sequelas neurológicas decorrentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
(Artigo
revogado pela Lei
nº 13.985/2020 - DOU 7/04/2020 - Edição Extra)
§
1º (VETADO).
§ 2º O benefício será concedido após a cessação do gozo do salário-maternidade
originado pelo nascimento da criança vítima de microcefalia.
§ 3º A licença-maternidade prevista no
art.
392 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será de cento e oitenta dias no caso das
mães de crianças acometidas por sequelas neurológicas decorrentes de doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti, assegurado, nesse período, o recebimento
de salário-maternidade previsto no art. 71 da Lei nº 8.213,
de 24 de julho de 1991.
§ 4º O disposto no § 3º aplica-se, no que couber,
à segurada especial, contribuinte individual, facultativa e trabalhadora
avulsa.
§ 5º O montante da multa prevista no art. 8º da Lei
nº 13.254, de 13 de janeiro de 2016, destinado à União, poderá ser utilizado
nas ações previstas neste artigo.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de junho de 2016; 195º da Independência e 128º da República.
MICHEL TEMER
Henrique Meirelles
Ricardo José Magalhães Barros
Dyogo Henrique de Oliveira
Osmar Terra
Fábio Medina Osório
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